9.06.2006

Acidente na Lagoa

Li no Blog "no mínimo contemporânea" um post sobre o acidente na Lagoa. Li os comentários postados por várias pessoas que entraram em uma dicussão se a culpa é dos pais, da sociedade, da televisão, do dono da boate etc. E a discussão acabou ficando meio filosófica.

Acho que nesse momento culpar os pais é cruel. Afinal não dá nem para imaginar o sofrimento pelo qual eles estão passando. Além disso, eles já devem estar se culpando o suficiente perguntando a si mesmos "por que eu permiti que fossem?".

Não adianta procurar culpados para esse caso. No entanto, temos de parar e analisar o que está acontecendo dentro das nossas casas. Não adianta culparmos uma entidade abstrata chamada sociedade ou responsabilizar apenas o dono da boate. Se seguirmos por esse caminho, vamos acabar colocando a culpa no Ford, pois foi ele quem inventou o carro, essa máquina mortífera que acaba com a vida de milhares de jovens todos os anos.

Os pais estão cada vez mais permissivos com os filhos. Desde a mais tenra infância procuramos dar desculpas pelos comportamentos inadequados de nossos filhos. Se quebram alguma coisa, não são castigados porque foi "sem querer". Se batem em um coleguinha é porque estão passando por uma fase difícil com a separação dos pais e por aí vai...

Os filhos têm cada vez mais pressa de crescer e estão sempre um passo à frente da fase que deveriam viver. Há meninas que aos dez anos ou menos já freqüentam salão de beleza, pintando os cabelos e fazendo as unhas, quando deveriam estar brincando, estudando, lendo.

Boates são lugares para serem freqüentados por maiores de 18 anos. Quando os pais de um adolescente de 15, 16 ou 17 anos permitem que esse jovem freqüente tal lugar, estão sendo coniventes com um comportamento ILEGAL. Isso mesmo ilegal. O erro já começa em casa... Além disso, não podemos esquecer, somos os responsáveis legais por nossos filhos.

Sei que deve ser difícil dizer "não" para um filho quando ele diz que "todo mundo vai" menos ele. As cenas dramáticas e as chantagens emocionais que um adolescente faz realmente são comoventes... Mas não é o fim do mundo deixar de ir a uma festa. Fim do mundo é a festa acabar como essa.

Eu só passei a sair à noite depois que fiz 18 anos. Não adiantava que meu pai não deixava. Eu e minha irmã podíamos implorar, chorar, bater porta... Ele se mantinha firme e dizia "Depois dos 18, você poderão ir a todas as festas do mundo". Quicávamos de raiva, chorávamos e nos sentíamos as últimas das criaturas. Mas, no final, ele tinha razão. Quando fizemos 18 anos ganhamos um carro e meu pai disse "Está aqui. Um carro pode ser uma coisa maravilhosa, é a independência de vocês, mas também pode ser uma arma."

Depois disso, saí muito. Fui a boates, shows, barzinhos etc.. Tenho muitas histórias legais para contar. Aos 16 achava que ia morrer se não fosse uma festa. Hoje sei que todas as festas são iguais. Diversão, música, paquera e, para alguns, bebida, drogas e pancadaria...

Isso posto, não poderia deixar de dizer que as autoridades devem sim investigar a boate na qual os jovens estavam antes do acidente. Verificar os cartões de consumação (R$80,00 de consumação mínima é um aburdo!!!), procurar outros jovens que estavam na festa. Afinal, permitir a entrada de menores e, ainda por cima, vender bebidas alcoólicas para os mesmos é crime. Quem sabe se as autoridades forem firmes nesse caso que comoveu o país, isso sirva de exemplo para as demais boates...

Sonhar não custa nada (ou a esperança é a última que morre)